A Casa da Namaacha (Moçambique) - Quando algo quer ser encontrado todos os anjos ajudam

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Finalmente: Quando algo quer ser encontrado todos os anjos ajudam!

A procura de uma casa esquecida e encontrada a 22 de Agosto de 2021.

A história em fotografias de uma casa calma, elegante e bem enquadrada no ecosistema, nos finais da década de 1950 e a sua vivência na década de 1960. Uma casa no meio do nada, construída de raiz a pedido de Manuel Augusto Martins Gomes, projetada pelo arquiteto João José Tinoco (arquiteto de vários edifícios, nomeadamente do Hotel de Xai-Xai).

A história da vontade de a encontrar, a sorte de encontrar um novo amigo, em Moçambique, que me ajudou e levou virtualmente nesta busca, mostrando-me em direto e em video TUDO!

Obrigada Frederico Paiva! 


Abaixo encontra o Video da Casa nos finais da década de 1950, a sua vivência na década de 1960, e a sua procura pelo Frederico, baseado apenas em fotos, sem qualquer ideia de onde seria a casa.

Logo após o video, encontrará a história da Casa da Namaacha, os motivos para esta procura, as conversas de WhatsApp entre mim e o Frederico Paiva, antes da Expedição, e o Diário de Bordo detalhado pelo Frederico.

Video sobre a casa e a Expedição


História e Diário de Bordo

Uma viagem através do tempo, escrita em detalhe para ficar nos anais da história da Casa da Namaacha

Por: Maria José Gomes e Frederico Paiva - Agosto de 2021

Parte 0 – Introdução

O porquê desta casa

Soube desta casa quando comecei a recuperar, para me descontrair das reviravoltas que a vida dá, os milhares de negativos e diapositivos que existiam na casa da minha mãe, dos quais agora sou a sua guardiã.

Os diapositivos, já conhecia de algumas projeções na minha infância. Mas os negativos… são tantos, em casas que não reconhecia nas memórias das projeções, muita das pessoas reconhecia, mas tantas mais que não. 

Essas casas seriam casas de amigos ou outras casas do meu pai, que tinha uma muito vaga ideia da sua existência. Sabia da existência das casas da Av. António Enes e de Sommerschield mas, nada mais. 

A dada altura deparei-me com uma fotografia que se destacou. Assim que vi essa fotografia, de uma casa muito à frente no tempo, harmonizada naquele local, fiquei fascinada e intrigada.

MMG_N_X_013 – Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes  © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes
 MMG_N_X_013 – Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Depois comecei a perceber que, pela presença constante do meu pai naquela casa, com pessoas, inúmeras e diferentes em cada dia, a casa poderia ser dele. 

Para não falar de que, quem tira tantas fotografias de diferentes ângulos, é porque se sente à vontade para o fazer e porque está verdadeiramente feliz com aquela beleza.

Até que houve um dia que me deparei com fotografias da construção de uma casa cujas linhas eram iguais. Era do meu pai! Mas não tinha ideia onde ficava. Só podia ser do meu pai. 

Perguntei à minha mãe, mas ela não sabia, a minha mãe e o meu pai só se conheceram em 1973.

Já sabia que o meu pai tinha tido uma casa na Namaacha, mas não sabia se era esta a casa. Até que a Maria João Seixas me confirmou, porque a frequentou muito.

Fui ao Google Maps para procurar a Namaacha e achei que seria fácil encontrá-la. Mas não. Ao contrário de nós, em Moçambique a vista satélite é muito fraca e muito menos tem a opção de Street View. 

Bem que a podia procurar. Fiz zoom em quase todas as áreas da Namaacha e não encontrei nada.


Sobre a Casa

Pelos meus cálculos a casa deverá ter sido construída entre em 1958. Em 1959 já estava habitável.

MMG_N_K_005 – Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes

MMG_N_K_032 – Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes

MMG_N_K_005 e MMG_N_K_032 – Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes

O arquiteto que projetou a casa foi o João José Tinoco, a única diferença face ao projeto inicial foi a aplicação de vidros coloridos num painel de uma parede. Esses vidros, eram restos de vidro que ficavam nos fornos da Companhia Vidreira de Moçambique, companhia essa, que Manuel A. Martins Gomes dirigia. 


Parte 1 – A Casa nos anos 1960

1ª metade da década de 1960

A primeira metade da década de 1960 foi muito bem vivida. Para além dos habituais frequentadores da casa, tinha por vezes visitas. A casa tinha apenas dois quartos.

O que faziam no meio do nada? Tudo e Nada 

As fotografias falam por si…

Todas as Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes
Todas as Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes
Todas as Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes
Todas as Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Todas as Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descentes de Manuel Augusto Martins Gomes

2ª metade da década de 1960

Neste período não existem muitas fotografias da casa. 

Pelo que a minha mãe me disse, que o meu pai lhe disse, o meu pai mandou construir uma piscina.

Como tal, tinha a casa sempre cheia ao fim de semana, o que, por muito bom que fosse ter lá os amigos, dava-lhe um trabalhão.

Acabava por lhe sair muito caro os fins de semana na Namaacha. Tinha de contratar empregados que ficavam sob as instruções do seu fiel Josefa. Tinha de manter a casa impecável e toda a vegetação cuidada, já que menos que isso para ele seria impossível. Foi em toda a sua vida um notável anfitrião.

Como o meu pai dizia já com 80 anos: “A minha vida social acabou quando deixei de beber Gin". 

Acho que esta frase diz muito para além das palavras escritas.


A sua venda

Não sei para quem foi vendida, mas terá sido vendida no final da década de 1960 e com o resultado da sua venda comprou a casa na Avenida António Enes, no prédio Horizonte no sétimo piso.

Parte 2 – A procura

A vontade

Motivos da Zé Gomes

Para ti Papi:

Desde que comecei a tratar da digitalização dos negativos e dispositivos de tudo o que a tua camara captou. De cada vez que olhava para uma fotografia, olhava o que olhaste, sentia o que te captou o olhar, e embrenhava-me em viagens. 

Ficava intrigada com algumas fotografias. Onde seriam? Quando foi? Pensava: Como estarias naquele momento? 

Percebi ao longo do tempo, vendo as tuas fotografias, que quando tiravas muitas fotografias sem amigos, estarias encantado com o que vias.

Percebi que tiravas selfies!!!!! Óbvio que com o tripé e temporizador. Em algumas dessas fotografias vejo que estás a treinar a utilização de focos (deveriam ser quentíssimos) dentro de casa.

Percebi também que quando não tiravas fotografias durante algum tempo, estarias numa fase de muito trabalho ou com uma vida social meio apagada ou então, não estarias com vontade nenhuma para tirar fotografias. Estarias triste?  

A casa da Namaacha foi muito fotografada. Estiveste presente desde a sua conceção, nascimento, infância e adolescência. Viveste-a em paz, harmonia, em contato com a terra, o sol, as estrelas e a água, e partilhaste tudo isso com os teus amigos. Provavelmente quando deixaste de sentir essas sensações, vendeste-a.

Para mim, esta parte da tua vida que desconhecia, é encantadora! E esta Casa, como lhe chamo “A Casa da Namaacha”, como se apenas existisse uma única casa na Namaacha, esta casa… és TU. 

Maior que este motivo não acredito que exista.

Senti-te e sinto, mais do que nunca, desde subiste para descansar, presente, aqui ao meu lado, a sussurrares-me ao ouvido os segredos daquele tempo imortalizado por ti. 

Tens me feito muita companhia.

É como se nos encontrássemos ao fim do dia, tendo-nos sentido omnipresentes durante todo o dia.


Motivos de Frederico Paiva

“Fixei residência em Maputo em 2015, embora visitasse-a com frequência quase mensal desde 2009.  Sempre gostei muito da cidade e de sua história - passando horas a procurar fotos antigas da cidade, pessoas que aqui residiram e estórias aqui empreendidas.

Através de um desses algoritmos da vida, topei com o belíssimo trabalho da Zé no Instagram. Como ali cheguei, não sei, só sei que meus olhos se encheram à primeira vista. Quantas fotos belas, quantas estórias.

Manuel Martins Gomes e suas andanças, retratadas por fotos maravilhosas, se tornaram um bálsamo para meus dias, uma espécie de pílulas diárias de beleza, de pedaços do mundo, de uma Lourenço Marques que nunca habitei e hoje habito. 

Ao fazer o que eu sempre quis fazer, e bem feito, me projetei na figura de Manuel Martins Gomes (cujo sobrenome, Gomes, coincide com o de minha avó materna). Ele, que andou pelo mundo e se instalou em Moçambique, e como eu, trouxe para a minha vida o modernismo arquitetônico e a casa cheia de amigos - duas de minhas predileções. 

A partir disso, segui o blog e o perfil do Instagram com muito cuidado e apreço. Uma foto, um like.

Até que me vi impressionado com a beleza da casa da Namaacha e quando vejo que a Zé pede informações e eu, com quem vê o cavalo selado passando diante de mim, me coloquei à disposição para encontrá-la. Afinal, quem não quer deparar-se com uma obra de arte e mergulhar nas histórias daquele álbum maravilhoso de memórias? 

Depois de longas conversas entre eu e Zé, e as fotos da casa impressas, lá fomos nós à Namaacha.”


As conversas de WhatsApp até à Expedição

14 de Agosto de 2021

Zé: “Olá bom dia Frederico, junto anexo algumas fotografias dos negativos da Namaacha do meu pai que tenho em arquivo e ainda não retoquei. Pode ser que ajude na aventura. A casa era um perfeito catálogo IKEA”

Frederico: “Bom dia, Zé! Que coisa incrível! Essa área envidraçada...a maçaneta da porta rente ao chão. Incrível! Eu vou a Namaacha no próximo sábado. Saio bem cedo de Maputo. Já combinei com meu motorista. Essa área envidraçada ao fundo da casa é incrível...”

Zé: “Eu já fiz muitas pesquisas para encontrar a casa onde o meu pai nasceu em Trás-os-Montes (coincidentemente demolida na altura em que faleceu) e não foi à primeira, nem à segunda. Mas quando encontrei foi um desenrolar de coincidências incríveis. Desde esse dia, passei a acreditar que as coisas quando querem ser encontradas deixam-se achar e que forças que não conseguimos explicar cientificamente atuam. Por isso, estou a torcer pelo desenrolar da história, e pela aventura da sua procura, independentemente do achar ou não achar, ou do seu estado. O que interessa é o caminho. E quero muito colocar no blog e no Facebook e no Instagram a história dessa aventura. Por isso se não te importares vai-me contando o que puderes, as frustrações, as conquistas, as coisas estranhas. E fotos, e vídeos seria o máximo. O por de sol lá era fantástico. Foi graças à orientação do sol e ao imaginar como o lugar evoluiu ao longo das décadas que descobri a casa onde o meu pai nasceu. O que estava antes nos arredores agora pode fazer parte do centro”


15 de Agosto de 2021

Frederico: “...e o caminho se faz ao caminhar : ). Vou documentar tudo e vou escrever com calma o desenrolar e o resultado da caminhada. Acho que vai ser uma história legal. Dei uma olhada no Google Earth e acho que dá para iniciar a investigação pelas bombas da Galp - que ali está há décadas e com certeza pode nos dar um ponto de partida.”


20 de Agosto de 2021

Zé: “Olá Frederico é amanhã que vais?”

Frederico: “Oi Zé, Domingo Já está tudo acertado 😀 Meu motorista não pode amanhã (sábado). Falamos muito de você hoje...”

Zé: “😛 estou Super contente pela vossa aventura, e adorava teletransportar-me para aí no domingo” 

Frederico: “Hoje fui jantar com um amigo português, por volta de 60 anos, que mora aqui há muitos anos...ele viu as fotos do Instagram e me disse muitas coisas. Disse o que ele achava do seu pai...da turma dele, as fotos dele com a Amália Rodrigues. Ficou até emocionado com a nossa busca...”

Zé: “Quem é esse amigo? Lembra-se do meu pai? É filho de algum amigo do meu pai?”

Frederico: “Não. Ele não conhece ninguém das fotos, mas intuiu pelo jeito das fotos, das pessoas...disse que seu pai era um cara bem relacionado, cheio de pessoas interessantes ao redor, de um ideário moderno para a época. E que sabia viver, curtir”

Zé: “Sim, sempre foi muito à frente. E todas as pessoas que o conheceram adoravam-no. É tio de muitos sobrinhos de sangue, mas também tio de coração para muitos dos filhos dos seus amigos. Só para perceberes o velório dele foi uma festa, uniu muita gente que não se via há mais de 30 anos, e ainda conheci tios de sangue que nunca havia conhecido. Uniu toda a gente.”

Frederico: “Eu venho de uma família muito parecida. Minha juventude sempre foi assim. Hoje eu sou assim, casa cheia, festa e gente de toda espécie aqui em casa. Isso me atraiu e me deu coragem para falar no seu Instagram. A sua jornada também é minha.”

Zé: Que bom!”

Frederico: “Saiba que essa nossa procura enche meu coração também. Não conheci seu pai, não conheço você mas, como dizem por aqui, estamos juntos.”

Zé: “Estamos juntos! 🙏E 🤞”

Frederico: “Sorte para nós”

Zé: “Isso mesmo 👍😉”


22 de Agosto de 2021

Frederico: “Bom dia. A caminho!

A EXPEDIÇÃO!!!

por Frederico Paiva

A jornada começa às 8h00 de domingo, 22 de agosto de 2021.

Era suposto começar no sábado, dia 21, mas alguns contratempos nos fizeram adiar a ida em 1 dia. Fomos eu e Elísio, escudeiro fiel e motorista nas horas laborais. 

Saímos de casa em direção à Matola, via avenidas Marginal e 25 de Setembro. Pouco mais de 5 minutos depois de nossa saída começa uma chuva torrencial. Chove potes. Desistimos? Não, jamais. A curiosidade é alimento das jornadas.

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

 Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Quando chegamos à Matola, a chuva estava ainda mais forte.

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Mas, no cruzamento da Estrada N2 com a N4, a estrada estava seca. Justamente no ponto imaginário que separa Maputo da Suazilândia e da África do Sul. É uma tríplice fronteira na minha mente de quem é obcecado por mapas. E a Namaacha é justamente uma das fronteiras de Moçambique com a Suazilândia.

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Seguimos. 

Estrada vazia e mais esburacada que a média. 

No caminho, fui contando toda a história daquela jornada para o Elísio que, em nenhum momento achou estranha ou impertinente a busca. Vestiu a camisa logo na primeira esquina. E teria um papel preponderante na jornada. 

Estrada vazia, velocidade baixa. Fizemos planos e delineamos estratégias. Quem abordar primeiro?  Os taxistas? Os policiais? Os funcionários das bombas de gasolina? Um plano bem bolado, pretensioso, como deve ser.

Ao chegar à Namaacha, não fizemos nada do que havíamos planejado. Seguimos a avenida principal olhando para o horizonte e procurando as montanhas que emolduram as fotos enviadas pela Zé. Inconscientemente e empenhados. 

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

A avenida principal termina em uma bifurcação. De um lado, a fronteira com a Suazilândia. Do outro, uma avenida por onde nunca havia passado. Disse ao Elísio para dar meia volta por achar que ali era o fim da linha. Ele sugeriu que seguíssemos, pois ele sabia que a avenida era aberta - já havia ali transitado em uma das peregrinações que fez com a sua família para a festa da padroeira local.

Seguimos por alguns metros e pedimos informação a um senhor de meia idade. Perguntou se sabíamos o nome do bairro. Mas nem isso tínhamos. Não conseguiu nos ajudar. Disse que a possibilidade de a casa não existir mais, era grande. Desanimados, seguimos.

Alguns metros depois, parámos uma senhora vestida com a farda da Polícia. Muito solícita, disse não saber e sugeriu avançarmos alguns metros até a casa do líder do bairro. Perguntei se achava que a casa ainda estava de pé. Disse não saber, o que nos animou um pouco.

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fomos à casa do líder. Ele não estava. Decidimos seguir. Paramos em outra casa e perguntamos a um casal de velhinhos se sabiam da casa. Nada. Nenhuma pista. Acreditam que a casa ainda está de pé? Achavam que não.

Entramos no carro novamente e seguimos viagem. Começamos a prestar mais atenção às belíssimas montanhas, àquele horizonte incrível e, num passe de mágica, reconhecemos as montanhas das fotos ao fundo.

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Quilômetros depois, ao olhar no Google Maps reconheci a propriedade onde está situada a fábrica de queijos de cabra - a Stone Cave Cheesery - de quem havia comprado queijos por indicação de um vizinho. 

Pedi ao Elísio para diminuir a velocidade e, em frente à entrada da quinta queijeira, vi um senhor sair em sua caminhada matinal. Meia idade. Paramos e, como fizemos com todas as pessoas com quem encontramos, mostrámos as 5 fotos da casa que imprimimos. A primeira, sempre com as montanhas ao fundo. Ele foi enfático: “Se procurarem vão encontrar. Uma beleza dessas não é demolida à toa. Pode estar a precisar de uma pintura, mas certamente está de pé.”. Ao que perguntei: “E você sabe onde podemos encontrá-la?”, ao que o senhor respondeu “Olha, moro aqui há muitos anos. Conheço a maioria das ex-casas de meus patrícios, mas dessa eu não me recordo.” Ao que perguntei: “Sabe quem pode nos ajudar?”, ao que o senhor respondeu “Sei, mas a pessoa morreu de COVID há uma semana. Ele certamente saberia - arquiteto que era. Infelizmente, não poderei ajudá-los.” Agradecemos e seguimos nosso caminho. 

Depois de alguns minutos, pedi ao Elísio para dar meia volta para que pudéssemos fazer uma busca em uma área mais residencial. 

Ao voltar pela estrada, o mesmo senhor português estendeu os braços para que parássemos. Estava afoito e, esperançosos, obedecemos ao seu pedido: “Eu aconselho falarem com o Régulo (líder tradicional local). Ele mora na primeira estrada à direita. Ele pode-vos ajudar.” 

Agradecemos e seguimos o caminho indicado.

Ao chegar à casa do Régulo, agradecemos por nos atender e, ao mostrar as 5 fotos, ele pegou a primeira, com as montanhas ao fundo e, muito pensativo, disse: “Essas montanhas são as montanhas que adornam a minha casa. Essa casa que vocês buscam está próxima de nós.” Ao que o Elísio perguntou “O senhor acredita que ela esteja de pé?”, recebendo com resposta do régulo “Certamente está. Podem confiar.”

Ficámos exultantes.

Ele faz um esforço tremendo para se lembrar se já havia visto. Colocava as mãos na cabeça, na testa, em um esforço genuíno. Falava em português, em língua local, falava connosco e para si mesmo por vários minutos. Parece saber que estava quase encontrando a casa naquele cantinho de suas lembranças.

Eis que, do nada, sua esposa aparece limpando o chão. Ele a chama. Mostra a foto e, rapidamente, ela diz: “Lembra-se que ontem ao caminharmos próximo à escola eu lhe mostrei uma casa antiga, branca? É essa casa.”

Como em um passe de mágica, ele se recordou do passeio do dia anterior. Ele a agradeceu efusivamente. Subimos em meu carro e ele nos guiou pela mesma estrada até uma zona mais afastada da cidade. 

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

No caminho, encontrou o senhor que o indicou para nós. Parámos, eles se falaram e nos desejou boa sorte na busca.

Após 15 minutos, ele aponta uma estrada que deveríamos pegar e, após 5 minutos, pediu para pararmos. E disse: “Não é por aqui. Peço retornar à estrada de alcatrão”.

Dirigimos mais 20 minutos. Eu, aflito, comecei a achar que ele não se lembrava e que a dica da sua esposa poderia estar equivocada. A chance de isso ocorrer era elevada. Você se lembra de uma casa que você viu ontem ao andar pela rua?

Após 15 minutos, em um dado momento, o Régulo, de nome Filimone, nos pediu para diminuir a velocidade. Disse estar pressentindo que estávamos próximos. 

Dirigimos por mais 10 minutos. Eu olhei para meu celular, fui ao Google Maps, dei um zoom, me perdi na falta de GPS e, no silêncio do vento que entrava pela janela, ouço: “Ali está! A casa, a casa...” Elísio grita: É aquela, senhor Fred!”

Olhei, olhei. Nada vi. Procurei novamente. Vi por entre os pinheiros a parte superior do telhado em "formato que só aquela casa pode ter por aquelas bandas.". Confesso que duvidei, receoso. Será que é mesmo a casa? Só pode ser. Fiquei seguro? Não. 

E o que fazer quando lá chegar? Se habitada, a minha timidez jamais autorizaria uma foto sem permissão. Nem da fachada.

Ao chegarmos ao portão principal, já deteriorado, o Régulo Filimone o abre como abrimos a porta da nossa viatura: com pressa e de forma despretensiosa.

Liguei a minha camera como que por instinto. Caminhámos por 2,3 minutos, tensos. Queríamos achar a casa. Estávamos com medo de estar depredada, parcialmente demolida. A facilidade com que o portão se abriu nos deixou ainda mais tensos.

Quando as copas se dissiparam, vimos a janela traseira. Intacta. E exclamei: “É essa a casa! Achamos!”. E eu, emocionado, não sabia o que fazer. 

A porta traseira estava aberta. Não ousei entrar sem pedir permissão, como sempre faço antes de botar os meus pés na água do mar. Fomos para a parte dianteira da casa. Olhei, vi algumas alterações na construção, mas a alma da casa ainda estava intacta. Fácil sentir. 

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Andamos, eu, o Régulo Filimone e o Elísio, por todo o talhão, admirados com a beleza da arquitetura. Contei quem a havia frequentado, a sua importância para um sem número de pessoas que ali estiveram há mais de 60/40 anos. E, agora, para nós que a encontrámos.

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografias de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

E, cheio de emoção, em um tom quase professoral, afirmei que quem a construiu e quem a frequentou o fez com muito amor. Assim como fez a equipa que a encontrou depois de todas essas décadas. 

Após alguns minutos de contemplação, ligo para a minha esposa que, emocionada, vibra com o sucesso da jornada. 

E ligo para a Zé e, enquanto o telefone tocava, lembrei-me de um amigo meu que sempre dizia que memórias abrutas à mente podem machucar, principalmente quando se deparam com uma nova realidade, que não era bem o caso, mas poderia ser. Quem sou eu para fazer tal julgamento?

Fiquei com receio...e perguntei por mensagem WhatsApp à Zé se ela queria, podia falar naquele momento “Posso ligar via vídeo chamada, Zé?” Titubeante, ela responde: “Podes claro…” ainda meio a dormir. Perguntei-lhe “Quer que volte a ligar em 5 minutos?”. Enfática, respondeu: “Não, podes ligar agora”. Liguei o vídeo no WhatsApp, dissemos ambos “Bom dia” e perguntei-lhe “Está preparada?” e meio nervosos, eu por não saber qual seria a reação da Zé e a Zé por não saber o que ia ver. Já tinha antes percorrido e filmado toda a casa e voltei a andar à volta da casa e dentro da casa em direto com a Zé.

Por uns quantos minutos, a vídeo chamada conectou os dois hemisférios Norte e Sul; a hora local de Moçambique à hora local de Portugal; uma Portuguesa, concebida em África, e um Brasileiro residente em Moçambique; mas mais do que isso o tempo. Naqueles minutos, em direto, a década de 1960 e a década de 2021, estavam sintonizadas no mesmo momento, no mesmo tempo.

No fim da chamada informei-a que não podíamos ficar mais tempo, eu, o Elísio e o Régulo Filimone, porque o Régulo tinha compromissos e tínhamos de o levar de volta. 

A Zé, exultante, agradeceu. 

Já eu, digo: Obrigado, Manuel Martins Gomes.

Que emoção! Agora é hora de voltar a casa… 

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografias de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva


O Organizador e Participantes desta maravilhosa busca

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva
Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva 

Frederico - A Força


Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva 

Elísio e Régulo Filimone - O Fiel Companheiro e a Bússola


Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

Fotografia de Frederico Paiva © Copyright Frederico Paiva

O Régulo Filimone e sua senhora - A Bússola e o Observador


Parte 3 – O que mudou desde o fim da década de 1960

  • Está atualmente abandonada
  • Não havia qualquer portão nem muros a limitar o terreno
  • Não havia qualquer casa no caminho para a casa nem à volta, a não ser palhotas
  • Não havia segundo piso, haviam apenas 2 bons quartos no piso térreo
  • A cozinha foi aumentada, enormemente, situando-se por debaixo dos novos quartos
  • O alpendre onde se estacionavam os carros foi fechado para aumentar a sala de jantar
  • A Sala de Jantar e de Estar não tinham qualquer parede. As pessoas moviam-se circularmente à volta da lareira de uma área para a outra
  • As portas de entrada na frente da casa eram em vidro e não em madeira
  • Por conta da criação do segundo piso, do aumento da cozinha e do aumento da sala de estar, as janelas e portas de vidro que ocupavam a frente e as laterais da casa, deixaram de existir
Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografias de Manuel Augusto Martins Gomes © Copyright Descendentes de Manuel Augusto Martins Gomes

Parte 4 – Agradecimentos e Créditos

Agradecimentos

Primeiro que tudo aos cordelinhos mágicos que permitiram que este momento mágico acontecesse e continue a acontecer. Que puseram no meu caminho o Fred, e que puseram no caminho do Fred as pessoas certas para chegar à casa.

Indiscutivelmente ao Frederico Paiva (Fred) pela sua entrega a esta busca, que deixou de ser só minha passando a ser nossa. É bom sentir, que em alguma parte do mundo existem pessoas assim, como o Fred. Que se envolveu nesta aventura de coração, e a viveu cada segundo como eu a viveria, entusiasmado, desanimado, ansioso, rendido, com o coração a acelerar e depois no silêncio. Numa sincronização de tempo e espaço, numa casa abandonada e com algumas alterações valentes, adivinhando e sentindo a casa em outros tempos. Sem o Fred, nada disto teria sido possível. OBRIGADA FRED!

Ao Elísio, motorista e companheiro de viagem do Frederico, que, para além de conduzir por estradas esburacadas e vazias, interiorizou que esta busca era também dele, vivendo-a intensamente.

A todas as pessoas com quem o Frederico e o Elísio se cruzaram, que deram informações para que chegassem ao encontro do Régulo Filimone.

Ao Régulo Filimone por nos levar ao encontro da casa, e à sua senhora que, graças aos céus, lhe recordou que tinham passado pela casa no dia anterior, durante a caminhada, explicando-lhe onde era.

Ao meu extraordinário Pai, Manuel Augusto Martins Gomes, por nos ter deixado tão belo e grande registo Fotográfico, o qual me criou um fascínio enorme por aquela casa que nunca tinha visto até este ano. Quando a encontrei nos negativos, a casa puxou-me para ela e levou-me a fazer trinta por uma linha para saber mais, mais e mais.

Ao arquiteto da Casa, Arquiteto João José Tinoco, e aos pormenores sugeridos pelo meu pai para a sua construção, nomeadamente as paredes com vidro multicolorido. Eram restos de vidro que ficavam caídos nos fornos da companhia vidreira de Moçambique, a qual dirigia na altura da sua construção e em posteriores retoques.

Aos amigos, filhos de amigos, amigos de amigos de Manuel Augusto Martins Gomes, que me foram dando uma ou outra dica. Muitas dicas.

Uma Extraordinária Equipa!


Créditos deste documento e do vídeo

Fotografias desde a construção da casa em 1958 e durante a década de 1960: Manuel Augusto Martins Gomes

Fotografias e Vídeos no ano de 2021: Frederico Paiva

Textos: Zé Gomes e Frederico Paiva

Banda Sonora: Love Theme by Nuno Maló; Holes in the Sky by M83 & Haim; Time by Hans Zimmer; Echoes From The Past by Jimmy Dludlu

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21Comentários
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  1. Que linda a história da Casa da Namaacha, construida em 1960 e reencontrada em 2021!Obrigada à Zé e ao Frederico pelo interesse,dedicação e empenho que tiveram em procurá-la e descobri-la.

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  2. Muito bom e imagino a sua felicidade. Há pessoas que gostam de descobrir coisas e nós somos umas delas (li que há cérebros que quando consequem fazer ligações entre neurónios geram uma .....mina qualquer relacionada com a satisfação e isso não é geral. Para mais no seu caso há a forte componente emocional). Muitos parabéns a todos os envolvidos óbviamento destacando-se o Frederico e o Filimone mas também as pessoas da Namaacha que o ajudaram. Pode corrigir neste texto "Peixoto" e sobre Tinoco fiz também um esforço para que você e o Frederico principalmente podessem saber melhor quem ele era tendo agora sistematizado as etiquetas. Estão aqui vários projectos que ele fez em Moçambique https://housesofmaputo.blogspot.com/search/label/tinoco. Continua.

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    1. Obrigada Rogério 😊
      Foi um momento maravilhoso e eu, cá em Lisboa, fiquei nesse domingo, o dia inteiro meio estranha. Feliz, Apática, meio que perdida no tempo. Como se tivesse acordado de repente no meio de um sonho inacreditável.

      Já corrigi a gralha 😋 Obrigada 😊

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Quanto a Tinoco na wikipedia não há referência ao projecto dessa casa mas essas informações por norma são muito incompletas. https://de.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Jos%C3%A9_Tinoco
    Há um livro sobre ele que presumo que lhe interesse
    https://www.fnac.pt/Joao-Jose-Tinoco-Arquitecturas-em-Africa-Jose-Manuel-Fernandes/a1094322
    que eu segui no blog mas desconhecendo eu antes a casa talvez ela seja lá referida mas eu não lhe tenha prestado atenção (acontece que só fiz cópia de parte do livro).
    Uma dúvida com que fiquei ao ler o relato do Frederico é se as alterações à casa na sua opinião terão sido pouco posteriores à venda da casa pelo seu pai ou se serão digamos posteriores a 1975.

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    1. Pois, acredito que tenha sido um dos seus primeiros projetos. Li, penso que na wiki alemã (que mudei para a versão traduzida para PT) que ele passou a dedicar todo o seu tempo à arquitetura a partir de 1958/59.

      Sobre as alterações, não sei quando terão sido feitas. Vejo que houve algum cuidado em manter algumas coisas, mas, infelizmente, as alterações, a meu entender, tiraram toda a harmonia da casa com o local. Mas ainda existe e mantém a sua alma 😊. Em conversa com a minha mãe achamos que, pelo tamanho da cozinha e da sala de estar, a casa terá sido utilizada para um infantário ou algo do género que precisasse dessas dimensões tão aumentadas. O tamanho da cozinha é completamente desproporcional. Para além disso, não aparece aqui, mas vi quando estava em direto com o Fred, baloiços.

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  5. Para finalizar aqui e com base no referido livro uma foto com Tinoco e referência à sua ex-esposa Arq. Carlota Quintanilha. Fizeram projectos em conjunto mas alguns ela fez separados e o Frederico pode por exemplo ir ver o do antigo Clube do Alto-Maé na rua que vai dar ao largo. Já agora de notar que o seu pai fotografou pelo menos dois projectos de Tinoco, o Hotel da Inhaca e o Banco PSM na Matola. Tinoco era um arquitecto moderno mas digamos menos "avant garde" e diletante que Pancho Guedes. Seria interessante podermos entender agora como é que o seu pai decidiu por Tinoco estando certamente também em cima da mesa a hipótese Pancho Guedes, nessas situações entram muito as relações pessoais pré-existentes para mais numa sociedade pequena como era a de LM. https://housesofmaputo.blogspot.com/2016/12/trabalho-da-arq-carlota-quintanilha-em.html

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  6. Pelo que percebi em conversas com amigos do meu pai desse tempo, eram amigos.
    Vou tentar aprofundar essa questão 😊

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  7. História interessante, a fazer reviver um passado que não tem retorno. Gostei bastante.

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  8. Manhã de domingo, aqui em Vale de Cambra, eu maravilhada com esta história tão bem contada, texto primoroso, que nos prende e nos leva a viajar no tempo!!! Eu brasileira, jornalista e, por conseguinte, amante de boas histórias! Meu marido português, nascido em Moçambique, e que muitas vezes esteve em Namaascha a fazer pequeniques com seus pais...traz-me esta narrativa empolgante ao pequeno almoço! E me apresenta a casa, a história, os personagens...devoro tudo, leio em voz alta, perco a voz... E para minha surpresa ao final da história descubro que o Fred (que também, escreve muito bem!) esse persongem aventureiro e desbravador, é brasileiro! Muito interessante! História linda, emocionante! Muito curiosa por saber a quem pertence a casa hoje... Obrigada pelo presente em texto e fotos! E olhe que ainda não vi o video...

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  9. Obrigada Cíntia em meu nome, do meu pai e do Fred. Sem ele esta história ficaria a meio 🧡

    O régulo ficou de saber de quem é a casa ☺️

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  10. Obrigado, Cíntia! Que bom que a história lhe trouxe boas sensações.
    Assim que souber do atual dono da casa vou reportar :)

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  11. Bonita história.
    Também vivi na Namaacha devia ter 4 ou 5 anos, por volta de 66/67 e tenho vagas recordações. Lembro - me de um colégio e creio que havia uma fábrica de sumos e de ir aos domingos à tarde a um café muito movimentado. Mas ficou na alma...

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  12. Que história tão bonita! Conheço o Fred pessoalmente. Que bom que os vossos caminhos se cruzaram. É uma pessoa de uma enorme sensibiidade.

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    1. Olá Mafalda, fico feliz por ter gostado 😉
      O Fred foi incansável. Os anjos têm destas coisas, põem no nosso caminho pessoas especiais ⭐

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  13. Um beijo do tamanho do mundo, Mafalda...

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  14. Sempre à procura de um pedaço de eternidade Zé. Encontraste um! Algo que já estava condenado a estar pedido. A memória só subsiste se lhe dermos atenção. Só tu! Adorei!

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    1. Obrigada querido primo ❤️ Só tu me escreverias assim ❤️ Beijinhos grandes 😘

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