Percurso de Manuel Augusto Martins Gomes

Manuel Augusto Martins Gomes retratado pela sua amiga Maluda

Nascido a 4 de Junho de 1920, em Murça, por força de um acaso.

Filho do primeiro casamento de João Baptista Gomes com Joana da Conceição Martins Capela.

Irmão de Maria Justina, Aida, Jaime e Abílio, pelo primeiro casamento do seu pai e Irmão de Maria Helena, Maria Isabel, Maria Irene, Maria Amélia, Rui Manuel e João José, pelo segundo casamento do seu pai com Raquel Lopes Pedreira.

Viveu em Lisboa desde o seu primeiro mês, na Av. da República até atingir a maioridade. Posteriormente viveu em Paço d'Arcos e outros locais em Lisboa.

Com 19 anos de idade, começou a trabalhar como escriturário na firma Manuel Pereira Júnior, agentes de navegação e transitários, tendo, em meados de 1940 sido colocado nos serviços de Trânsitos Internacionais em ligação directa com os transitários suíços Jacky, Maeder & C.º e H. Ritschard, Lda. para os contactos consulares, licenciamento e obtenção de praças nas Companhias e Agências de Navegação.

Em Maio de 1946, altura em que a sua mãe faleceu, passou a desempenhar as funções de Inspector de Vendas da fábrica de bolachas e chocolates A Favorita Ltda., em Lisboa.

Em 1949 iniciou a prospecção e estudo dos mercados de Angola e Moçambique pela Favorita Ltda., procedendo à nomeação de agentes e nos anos seguintes ao seu controlo, apoio e correcções. O seu gosto pelas viagens e ir à busca do desconhecido começou a ser satisfeito.

No fim de 1957, foi convidado para ir trabalhar em Moçambique como Director da Companhia Vidreira de Moçambique, convite feito pelos membros de Conselho de Administração daquela Companhia e da Sociedade Central de Cervejas (SCC). Tomou posse na companhia em Junho de 1958.

Quando em 1960 a Companhia de Iniciativas Económicas de Moçambique, SARL – constituída quase na totalidade por pessoas ou sociedades ligadas à SCC – adquiriu a posição de F. Dicca, Lda. (50%) nas Fábricas de Cerveja Reunidas de Moçambique, Ltd, foi convidado para ser Director da Distribuidora, Lda., sociedade esta que procedia à distribuição e venda dos produtos SCC para todo o território de Moçambique bem como para exportação.

Aceite o convite, desempenhou o cargo durante o primeiro ano em acumulação com o de director da Companhia Vidreira, situação que não se podia prolongar por muito mais tempo devido ao facto de nessa altura estar-se a iniciar a reestruturação da Distribuidora.

Com a constituição em Outubro de 1973 da holding SOGERE – Sociedade Geral de Cervejas e Refrigerantes – na realidade a fusão das Fábricas de Cerveja Reunidas e da Companhia de Cervejas e Refrigerantes Mac- Mahon, passou a ser Vogal do Conselho de Administração da Mac-Mahon Comercial, Ltda., cumulativamente com o cargo de Director. A Mac-Mahon Comercial tinha funções idênticas às da antiga Distribuidora, com a qual aliás concorria, e da mesma maneira procedia à distribuição e venda da gama de produtos que eram engarrafados anteriormente pela Companhia de Cervejas e Refrigerantes Mac-Mahon, para todo o território de Moçambique.

Em meados de Janeiro de 1974, casou em Lourenço Marques, com uma jovem de 27 anos que conhecera num cruzeiro no México e por quem se apaixonara. Com a insegurança e incertezas após o 25 de Abril de 1974, a sua mulher já grávida regressou a Lisboa, onde nasceu a sua primeira e única filha (eu).

No início do ano de 1975, ainda em Lourenço Marques, Manuel Gomes foi nomeado administrador da SOGERE, cargo que desempenhou, como os outros, até Outubro daquele ano, altura em que decidiu renunciar aos seus mandatos e deixou Moçambique, regressando definitivamente para Portugal.

Recomeçou a sua vida aos 55 anos de idade.

Com o estigma de "retornado" não foi fácil recomeçar, tendo inclusive ficado algum tempo desempregado.

A 31 de Maio de 1977 e por despacho do Primeiro Ministro foi nomeado membro da Comissão Administrativa das Fábricas Cergal, Copeja e Imperial, lugar este preenchido até 31 de Dezembro de 1977, data em que, ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 6.º dos Estatutos da Centralcer – Central de Cervejas E.P., foram nomeados os membros do Conselho de Gerência da referida empresa.

Em 19 de Abril de 1978, tomou posse como vogal do novo Conselho de Gerência da Rodoviária Nacional.

Passou ainda pela Cive – Companhia de Indústria Vidreira, pela Finangeste e pela Cimobim. Na Finangeste administrou o Cinema Império, o Palácio do Correio Mor e a Quinta da Fonte Santa (antes desta ser vendida ao Banco de Portugal e actualmente a quinta de férias da Casa do Pessoal do Banco de Portugal), e na Cimobim, como administrador do Centro Comercial Fonte Nova em Lisboa. Reformou-se aos 80 anos de idade.

Como pessoa... Filho dedicado, irmão desligado mas muito amigo, tio de sangue e de coração de muitos sobrinhos, amigo fiel e divertido, bon vivant, um gentleman, um amante das artes. 

Adorava viajar, ler, ouvir música, e receber amigos em casa. As suas parceiras inseparáveis eram as suas máquinas fotográficas. Acredito que apanhou o gosto com o seu cunhado Raul Penaguião, marido da sua irmã Aida.

Como marido e como pai, se o ranking for de 5 estrelas então eu e a minha mãe damos todas as estrelas do céu.

Faleceu em Lisboa há treze anos, em 11 de Maio de 2008, com quase 88 anos de idade.

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