Mirella Levi no jardim da família Rocheta em Lourenço Marques na segunda metade da década de 1960

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Este é também um dos grandes motivos que me move a escrever este blog.
Pessoas que passaram pela vida, deixaram a sua marca, mas que, por não deixarem descendência desvanecem na memória das gentes e da história com o passar do tempo.

Esta senhora era a tia, por afinidade, Mirella.

Mirella Levi no jardim da família Rocheta em Lourenço Marques na segunda metade da década de 1960 - MMG_N_BL_009 - Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes.  Não usar fotografias sem referência ao seu proprietário Manuel Augusto Martins Gomes e sem link para as páginas: https://manuelamartinsgomes.blogspot.com/,  https://www.facebook.com/ManuelMartinsGomesMemorias,  https://www.instagram.com/manuelamartinsgomesmemorias/ Qualquer informação adicional é bem vinda. Poderão contactar-me através do endereço de email: manuelamgomes20@gmail.com  #anos60 #mirellalevi #lourençomarques #lourencomarques #maputo #mocambique #mozambique #moçambique #manuelmartinsgomesmemorias #manuelamartinsgomesmemoriasPosso falar do que me lembro e das memórias que deixou numa criança e depois pré adolescente, recetiva maioritariamente a sensações, sabores e aromas, já em Lisboa, Portugal.

Era casada com o também tio por afinidade, Osvaldo Levi.

Sinceramente, pouco ou quase nada sei sobre o que faziam nem quais os seus interesses. Sei que o tio Osvaldo esteve na fundação da filial da Assecurazioni Generali em Portugal e pouco mais. Estive à procura na internet sobre a história da fundação da filial em Portugal e não encontrei rigorosamente nada. E é isso que me deixa triste. As pessoas passam e o resto das pessoas, passadas duas gerações, esquecem-nas. 

Não sei como conheceram o meu pai, apenas sei que eram amigos desde 1958, em Moçambique.

Viviam, pós 1974, na rua Borges Carneiro em Lisboa. A tia Mirella era natural da Alexandria, Egipto, e o tio Osvaldo natural da ilha de Corfu, Grécia.

Foi na sua casa que comi, pela primeira vez, pesto. 
A única forma em que conseguia queijo. Aliás, reforço o ponto, até aos meus 18 anos foi o único lugar onde tive o prazer e privilégio de comer pesto. 
Não havia, em nenhum lugar à venda.
E o que eu adorava! Era feito em casa. A receita? Uma vez a tia Mirella contou-me. 
Apenas memorizei o seguinte: moer tudo num almofariz, nomeadamente, folhas novas do manjericão, um queijo mole e um queijo seco (acho que recordo de ouvir que um era o Parmigiano-Regiano, mas não tenho a certeza). Quanto ao alho só deve ser usado se for para comer na hora. Caso seja feito para congelar colocar o alho apenas após descongelar. Azeite extra virgem e pinhões, para mim muitos, e agora tão caros. Tudo moído num almofariz. 

A primeira vez que comi pesto fora da casa dos tios Levi, foi memorável. 
Tinha eu 18 anos (1992) e estava a trabalhar na feira Alimentaria na antiga FIL. O meu trabalho era andar a distribuir bolos de patins em linha, pela feira. As pessoas dos stands por vezes pediam um bolinho por estarem há muito tempo sem saírem do seu lugar. Um deles era distribuidor de produtos italianos. Lá está, perguntou se eu queria alguma coisa do stand e a minha resposta foi imediata: até queria, mas tenho a certeza que não tem o que quero, porque em lado algum em Portugal encontrei pesto. Ele disse que tinha em armazém e eu disse que não acreditava. Confirmou que, de facto, era um produto que raramente se distribuía em Portugal, mas voltou a frisar que tinha, e como prova, no dia seguinte ia trazer um para mim. Cumpriu com a promessa e não foi um frasquinho, foi um frascão. Curiosamente, até ao final do ano começaram a aparecer timidamente frascos de pesto, nas prateleiras do Pingo Doce.

Mas voltando aos tios. As visitas a sua casa eram sempre boas. Havia sempre Pesto. A tia Mirella, sempre uma senhora, muito querida, o tio Osvaldo sempre sério e contrariado (não me lembro nunca de o ver a sorrir). Tinham um cão, recordo-me disso, mas nunca estava presente na sala, talvez porque a minha mãe tinha receio de cães.
A sala cheirava mais a tabaco que as salas de outros tios, de afinidade, que ganhei pelo meu pai. 
As visitas mais divertidas eram aquelas em que o tio Nikki Benini estava presente. Sempre um brincalhão, sempre a rir e a fazer rir. Quando não estava presente, os adultos conversavam e eu andava por ali, caladinha, até que falassem comigo. Fugia muitas vezes para a cozinha para ao pé da empregada, que agora não me recordo do nome, mas que de certeza a minha mãe vai complementar. Achava fascinante a forma como a senhora lavava a loiça! Uma tuba cheia de água, uma piscina enorme de água transparente cheia de bolhinhas. Insistia tanto para lavar a loiça que ela lá me deixava lavar. 
Adorava lavar a loiça lá em casa. Coisas estranhas...

Estas são as minhas memórias da tia Mirella e do tio Osvaldo. 
Simples, mas que me marcaram, para a vida. 
Quem frequenta esta minha casa sabe bem o quanto.


MMG_N_BL_009 - Fotografia de Manuel Augusto Martins Gomes. 
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Qualquer informação adicional é bem vinda. Poderão contactar-me através do endereço de email: manuelamgomes20@gmail.com

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